Em um país em que apenas 4,6% dos seus municípios têm alto desenvolvimento, não é de se surpreender que quase metade das cidades brasileiras está abaixo do recomendado, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que avaliou os 5,5 mil municípios brasileiros com base em dados de 2023. 1fx57
Enquanto o país tem 255 municípios com o IFDM considerado alto, 2.376 localidades se encontram na faixa de baixo desenvolvimento. Mas esse não é o pior número, pois o estudo indica que 249 cidades têm um desenvolvimento crítico. O cenário é comparado pelo presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Luiz Césio Caetano, como se parte dos brasileiros ainda se vivesse no país entre o final da década de 1990 e o início do século XXI.
"É inissível que ainda hoje, apesar da melhoria nos últimos anos, a gente tenha um Brasil tão desigual. A diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são na istração pública. Nossos cálculos indicam que as cidades críticas têm mais de duas décadas de atraso. É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século ado”, afirma.
Os indicadores levam em conta o desempenho das cidades em "emprego e renda", "saúde" e "educação". Dentro deles, diversos aspectos são analisados, desde o número de médicos a cada mil habitantes até o PIB per capita. A melhor nota possível é 1, mas nenhum município brasileiro a atinge.
Segundo o estudo, as cidades críticas têm, em média, 23 anos de atraso em relação às cidades mais desenvolvidas. “Disponibilidade de apenas um médico para cada do 2 mil habitantes, déficit na formação de professores e baixa diversidade econômica são problemas enfrentados pelos municípios”, pontua a Firjan.
Uma comparação entre os dois extremos do desenvolvimento no Brasil reforça uma disparidade notada há anos: enquanto as regiões Sul e Sudeste caminham para o futuro, estados do Norte e Nordeste ainda lutam para chegar ao presente. São 6,1 milhões de brasileiros que vivem 23 anos atrasados, aponta a Firjan.
“Esse cenário é especialmente preocupante, pois a comparação entre os municípios com desenvolvimento crítico e aqueles com alto desenvolvimento não se dá em relação a nações distantes, com diferentes contextos sociais, sistemas políticos ou culturas, mas sim entre entes da mesma federação, regidos pela mesma Constituição”, comenta a entidade.
No ranking dos dez piores municípios, nove deles se encontram no Norte e um no Nordeste. Eles estão distribuídos entre os estados do Pará, Acre, Amazonas, Roraima e Maranhão. Nenhum deles possui uma nota acima de 0,2431, sendo que, para ser considerado crítico, o local deve pontuar entre 0,0 e 0,4.
Para o gerente de estudos econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, os resultados do IFDM podem ser utilizados pelos gestores públicos para “medir a efetividade de suas políticas e ajustar o que for necessário para a melhoria da qualidade de vida”.
Abaixo, estão elencados quais são os 10 municípios menos desenvolvidos do Brasil, sua nota no IFDM e o número aproximado de habitantes segundo a estimativa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2024.
1 – Curralinho (PA)
Nota no IFDM: 0,2431
População estimada: 36.451 pessoas
2 - Melgaço (PA)
Nota no IFDM: 0,2429
População estimada: 29.846 pessoas
3 – Limoeiro do Ajuru (PA)
Nota no IFDM: 0,2420
População estimada: 31.778 pessoas
4 – Fernando Falcão (MA)
Nota no IFDM: 0,2161
População estimada: 11.184 pessoas
5 – Oeiras do Pará (PA)
Nota no IFDM: 0,2143
População estimada: 36.377 pessoas
6 – Santa Rosa do Purus (AC)
Nota no IFDM: 0,1806
População estimada: 7.143 pessoas
7 - Jutaí (AM)
Nota no IFDM: 0,1802
População estimada: 27.656 pessoas
8 - Uiramutã (RR)
Nota no IFDM: 0,1621
População estimada: 15.571 pessoas
9 – Jenipapo dos Vieiras (MA)
Nota no IFDM: 0,1583
População estimada: 17.499 pessoas
10 – Ipixuna (AM)
Nota no IFDM: 0,1485
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